domingo, janeiro 23, 2005

The Chronicles of Mr. Death - Ulysses, The Mummy - Epilogue


Vista da imponentexuberantespetacular Baía de Angra dos Reis. Falar mais o quê?

- Aaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhh!!! - Esse grito lancinante, que se misturou aos sons tétricos da tempestade inclemente, foi dado por Odisseu, digo, Ulysses, ao me ver sair da mala.
Com os olhos opacos pela adiantada velhice saindo das órbitas recém-operadas de catarata, Ulysses, digo, Odisseu, ou melhor, Ulysses, pensou estar diante da própria Morte em menos carne e mais osso.
- Vade retro, Satanás! Sangue de Jesus tem poder! Tu só podes ser mesmo a Morte, assim esquelético. Mas porque estás somente de sunga, sem o tradicional manto negro com capuz e a foice? Por acaso não mereço, nobre político e estadista que sou, que uses o seu traje de gala em meu momento final?
Respondi ao "nobre estadista" com um tiro certeiro na boca, mortal em seu caso, porque não mais poderia falar merda. Estava finalmente cumprida a missão e eu poderia receber os US$ 430 mil faltantes de meu pagamento.
Restavam ainda duas pendências: eliminar a única testemunha presente, o piloto, que tentava desesperadamente controlar a aeronave, e me salvar do desastre iminente.
A primeira era mais fácil e a minha fiel Glock resolveu o caso com a habitual eficiência: eu amo essa pistola.
A segunda pendência, mais complicada, exigiu o máximo de minha treinada inteligência reflexa, porque eu estava prestes a cair no oceano dentro de um helicóptero, sem saber nadar e com medo de escuro, que sinto desde criança. Decidi entrar na mala e, logo depois, a aeronave se destroçou contra o mar, parecendo que havia batido contra um piso de concreto.
O que havia dentro do helicóptero foi espalhado por várias dezenas de metros, inclusive a mala em que eu estava, mas os dois cadáveres, que tive o cuidado de atar com o cinto de segurança aos assentos, foram enviados para as profundezas do reino de Poseidon, digo, Netuno. A mala em que eu estava boiou até a praia mais próxima, me deixando são, salvo e ainda mais magro na manhã seguinte.
Estava garantida assim a aquisição do piso de porcelanato da sala de minha casa, que está sendo construída em Vargem Pequena. Minha mulher quer agora US$ 150 mil para fazer um pergolado. Ô obra cara, sô!

Locutor: "Eis que chega ao fim mais essa épica saga de Mr. Death. Na próxima crônica vocês saberão como nosso herói (herói?!?) viajou ao passado numa máquina do tempo e...
Não, não, Mr. Death, não faça isso! Tenho mulher e 8 filhos pequenos... eu não ia contar o final da estória, eu juro... por favor, senhor! Piedade, senhor, clemência..."
- Tchuiff! Tchuiff! Tchuiff! (Onomatopéia que significa disparos de pistola com silenciador).

Um comentário:

Anônimo disse...

Oh amado mestre.....é por isso que me inspiro em você!