sexta-feira, junho 30, 2006

The Chronicles of Mr. Death - Ulysses, The Mummy - Part Two


A fiel Glock 9mm de Mr. Death

Aonde é que eu estava mesmo?...
Ah! É verdade, eu tinha desmaiado dentro da mala, quando o helicóptero partiu! Bem, vocês não sabem, mas eu acabei naquela hora tendo um sonho, no qual me recordei da minuciosa preparação para essa missão. Foi assim: ao mesmo tempo em que eu fazia a dieta do polenguinho, eu entrei para o Circo Garcia, para aprender contorcionismo. Eu precisaria desse conhecimento para me aconchegar numa pequena mala de viagem da forma mais confortável, se é que isso é possível.
A vida circense é realmente uma escola e minha experiência por lá foi tão proveitosa, quanto curta e gratificante. Porém, houve um senão chamado Long Dong Silver, o anão preto que, em suas horas de folga, costumava estuprar os leões e a mulher barbada do circo. Como um anão podia fazer isso?
Diziam que ele tinha força e agilidade excepcionais para o seu tamanho e, quando ele agarrava sua vítima por trás, aí tinha jeito não. Uma conseqüência direta desse, digamos, hobby do Long Dong era que os leões não podiam vê-lo, que se debatiam desesperadamente contra as grades da jaula, tentando fugir. A outra é que não parava mulher barbada alguma no circo, porque, depois de estupradas, elas raspavam a barba e queriam casar com o Long.
O dono do circo queria muito se livrar do anão, que lhe dava mais aborrecimento e prejuízo do que qualquer outra coisa. Mas o tamanho da indenização trabalhista do Long era inversamente proporcional a sua altura.
Quis o destino que eu fosse o instrumento da interrupção da carreira circense desse pequeno e astuto estuprador. Não sei porque cargas d'água o Long começou a acompanhar com interesse acima do normal e pupilas dilatadas idem as minhas aulas de contorcionismo com Mestre Jatobá Mahatma, um velho indiano criado desde cedo na Paraíba. Fiquei desconfiado e passei a tomar alguns cuidados na hora de dormir. Coloquei um alarme feito de latas atadas com um barbante entre a porta e a minha cama, além de não mais dormir de bruços.
Numa noite, o alarme foi acionado. Eu só tive tempo de buscar minha fiel Glock 9mm debaixo do travesseiro e mirar na testa de Long, que se aproximava rapidamente do meu leito, babando como um bebê na primeira dentição. O disparo acertou a garganta do maldito anão que, falando todo enrolado e esguichando sangue, começou a correr em volta do quarto, enquanto eu descarregava o resto da munição nele para acabar com aquela balbúrdia. Mas o Long era arisco, além de muito pequeno, e eu furei o quarto todo de bala, mas o anão conseguiu fugir e nunca mais tive notícia dele.
E assim ia o sonho, quando uma saraivada de trovões me acordou do torpor em que me encontrava. A estrutura do helicóptero rangia perigosamente ante a fúria da tempestade e eu precisava, pela primeira vez, sair do esconderijo e denunciar a minha presença homicida.
Então, o destino de Odisseu, digo, Ulysses, estaria selado. Se ele não morresse por minhas mãos, morreria pelas da natureza, o que, no final das contas, daria no mesmo, já que também faço parte da natureza, ou, pelo menos, penso que faço.


Locutor: "Eis que se aproxima o tão esperado epílogo. Não percam o emocionante desfecho de mais essa empolgante aventura de Mr. Death amanhã, no próximo post".